segunda-feira, novembro 06, 2006

Exílio

De qualquer das formas, tinha que abandonar a aldeia...
Tinham sido os próprios deuses que tinham transmitido a decisão ao concelho dos anciões. Abandonei a aldeia.
A minha mãe chorava e o meu pai fechou os olhos quando passei por ele.

Sozinho e com as poucas armas que tinha ao meu dispõr (a faca e o arco) fui sobrevivendo com a caça. E andando, andando...
O sol abrasador dos dias e o frio das noites intermináveis passavam. Cheguei à aldeia vizinha em 4 dias.

Olharam-me com desconfiança. Afinal de contas, não era normal surgir alguém sozinho, muito menos um caçador. olhares mais atentos veriam a marca do exílio tatuada a indigo no braço.
Pedi para ver o chefe da aldeia a uma das mulheres. Contei-lhe a história, disse de quem era filho e qual o meu crime. O chefe admirou-se da minha sinceridade e ofereceu-me guarida por uma noite junto dos seus guardas. Mais não, porque os deuses tudo sabem.
Essa noite comi e bebi.
Adormeci.
Acordei com o barulho dos cavalos e agarrei-me à faca.
Eram bandidos, ladrões de gado. Já tinham queimado as palhotas e morto 3 ou 4 guardas.
O que parecia ser o chefe estancou o cavalo à minha beira.
Olhou-me de alto a baixo.
__

Senti uma pancada na nuca. Quando acordei estava preso com outros homens da aldeia que me tinha hospedado. Com os pes e as maos atadas, deitados no chão. A minha faca como era obvio tinha sido levada, concerteza. Conseugui espreitar lah pra fora da cabana onde estávamos presos. Os outros ou dormiam ou estavam mortos. Vi o chefe da aldeia ajoelhado em frente ao que era, de facto o chefe. Não pedia clemencia. Pura e simplesmente, estava de joelhos, maos e pés atados uns aos outros, como nós. Não me pareceu homem de se rebaixar assim. Devia ter sido obrigado a ficar naquela posição.

O bandido falava com ele, mas baixo. nao percebi tudo o que ele dizia, mas falava de guerra, exercito, terras.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Shifta #1

They told me I was a wrongdoer, locked me on a cell, showed me around like a trophee and took away my health.
I never felt those things, always did what was best for me, always took care of business and looked over my family.

I ain't no animal to be
locked on a cage
You got your white man power
I've got my Shifta rage!

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Bottle Pop

Beatle Pop

Comecei a respirar desde que nasci e acho que me habituei a isso.
Aliás, acho que foi aquele compasso de espera entre batidas que me começou a dar noção de ritmo e, posteriormente, me levou a querer tocar bateria. É uma coisa natural. Pode-se dizer que toco com o coração. Nunca poderia tocar bateria electrónica ou usar caixas de ritmos. Era como se tivesse a tocar com um "pacemaker".O "tocar com o coração" é uma espécie de desculpa, de eufemismo para poder dizer que não tenho grande técnica enquanto "músico". Mas dou o litro. Esforço-me. Entrego-me à música como a mais nada ou ninguém. É mais fácil e recompensador. A música dá-me aquilo que não espero encontrar nas outras pessoas e a oportunidade de estar comigo sem me chatear, sem sequer pensar, só reagir. (Não nos desiludimos se não nos iludirmos.)
O máximo que pode acontecer é não gostar muito deste ou daquele tema e fazer fast forward ou passar à frente. Com as pessoas não dá tanto jeito. Já me aconteceu estar alguém a falar comigo e eu estar a ouvir o que está a tocar no autorádio. De repente, a conversa passa para o segundo plano e a música para o primeiro. É uma falta de educção, eu sei, mas acontece naturalmente, não tenho a culpa, respiro desde que nasci e só estou a pensar deixar de o fazer quando morrer.